Cristo já quebrou todas as correntes na cruz — nossa liberdade não espera por rituais, mas por fé naquilo que já foi consumado
Nós, ao contemplarmos a rica verdade do evangelho, reconhecemos que a genuína libertação não é um processo místico de quebra de maldições, nem uma fórmula espiritualizada de renovação, mas um ato definitivo e completo realizado por Cristo na cruz do Calvário.
A Bíblia não nos apresenta um evangelho de libertação parcial ou condicional, mas de redenção plena, eficaz e eterna. Em 2º Coríntios 5:17, declara-se com clareza: “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”.
Esta é uma afirmação teológica e existencial: o crente não é apenas perdoado, mas recriado. A velha natureza, com suas práticas, escravidões e identidades, foi crucificada com Cristo (Romanos 6:6), e agora vive em uma nova realidade espiritual.
João 8:36 reforça esta verdade com autoridade: “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”. A liberdade aqui anunciada não é relativa, mas absoluta. Não é uma liberdade que depende de rituais, palavras de autoridade ou destronamentos espirituais, mas do próprio ato do Filho de Deus.
Cristo, ao derramar o seu sangue, não apenas pagou o preço do pecado, mas quebrou todo o sistema de escravidão espiritual. Sua obra é suficiente, final e completa. A verdade que liberta, mencionada em João 8:32, não é um conhecimento oculto ou uma revelação especial, mas o conhecimento de Cristo como Senhor e Salvador — a verdade encarnada (João 14:6).
Por isso, Gálatas 5:1 nos adverte com urgência: “Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão”. O apóstolo Paulo escreve aos gálatas que estavam sendo seduzidos por um evangelho distorcido, que adicionava obras à graça.
Da mesma forma, quando se insiste na necessidade de “quebrar maldições” ou buscar libertações repetidas, corre-se o risco de colocar sobre os ombros do crente um jugo que nem os pais deles puderam suportar (Atos 15:10). A cruz já foi o lugar da quebra definitiva de todo poder do mal.
Contudo, entendemos que o novo convertido, especialmente aquele que viveu imerso em pecado, pode ainda trazer hábitos, traumas e padrões mentais da velha vida.
Por isso, o discipulado é essencial. Não como um meio de obter libertação, mas como um processo de renovação da mente (Romanos 12:2), onde, pela Palavra e pelo Espírito, o crente é treinado para andar na liberdade que já lhe pertence.
O discipulado não corrige a salvação, mas educa o salvo a viver nela.
Nós, pois, celebramos uma libertação já consumada. Não clamamos por quebras, mas por fidelidade à cruz.
Em Cristo, somos livres — verdadeiramente livres.
0 Comentários
Ao fazer seu comentário, respeite as opiniões alheias antes de tudo, deixe sua opinião sem ofender o próximo.