Cuidar dos muros da alma evita que o mal invada seu território espiritual.
Nós, como peregrinos neste mundo, somos chamados a viver com vigilância espiritual, pois não lutamos contra carne e sangue, mas contra principados e potestades (Efésios 6:12). A Palavra de Deus nos adverte com sabedoria prática: “Quem derruba um muro, uma cobra o morderá” (Eclesiastes 10:8).
Essa imagem poderosa nos lembra que cada decisão tem consequências, especialmente quando comprometemos nossos limites espirituais. O muro representa as barreiras sábias que protegem nosso coração, nossa mente e nossa comunhão com Deus.
Quando permitimos pequenas brechas — seja por curiosidade, desatenção ou conformidade com o mundo — abrimos espaço para o inimigo agir.
Antigamente, muitas igrejas tradicionais, movidas por zelo piedoso, recomendavam — ou até impunham — restrições ao uso de certas inovações: rádio, televisão, cinema. O temor era legítimo: preservar o povo de Deus de toda aparência do mal. Naqueles dias, o mundo parecia se mover rápido demais.
Hoje, porém, vemos um movimento gracioso e transformador: as igrejas não apenas aceitam a tecnologia, mas a empregam com ousadia para proclamar o Evangelho. Pregações alcançam milhões, discipulado acontece em grupos digitais, louvores ecoam em celulares espalhados por desertos, prisões e lares isolados. A mesma ferramenta que antes causava temor agora serve como ponte para a eternidade.
O apóstolo Paulo, em sua primeira carta aos tessalonicenses, exorta: “Abstende-vos de toda aparência do mal” (1 Tessalonicenses 5:22). Esse mandamento não se refere apenas a evitar o pecado manifesto, mas também a rejeitar tudo o que se assemelha ao mal, tudo o que pode corromper a pureza da fé.
Entretenimentos que glorificam a violência, jogos que promovem a imoralidade, conversas que alimentam a amargura — são todos buracos no muro. Podem parecer inofensivos à primeira vista, mas, como aranhas, escorpiões e cobras, entram silenciosamente e trazem danos profundos.
Quantas vezes justificamos certas escolhas dizendo: “É só entretenimento”, “Não faz mal a ninguém”, “Todo mundo assiste”? Mas a verdade é que aquilo que habitua os olhos e os ouvidos molda o coração. Jesus disse que “do que há no coração, fala a boca” (Mateus 15:18).
Por isso, o que permitimos entrar pela porta da alma acaba influenciando nossa conduta, nossos desejos e nossa adoração.
Nosso Senhor deseja que sejamos “sábios como as serpentes e simples como as pombas” (Mateus 10:16). Isso significa ter discernimento para reconhecer as armadilhas do maligno e coragem para fechar qualquer brecha.
Devemos examinar diariamente nossos pensamentos, companhias e entretenimentos, perguntando: “Isto me aproxima de Cristo ou me afasta dEle?”
Que nós tenhamos graça para reconstruir os muros caídos, graça para vigiar as portas do coração e graça para fugir de toda aparência do mal.
Pois onde o Espírito Santo reina, não há lugar para a serpente. Que o Senhor nos guarde, nos fortaleça e nos mantenha firmes na verdade até o fim.

0 Comentários
Ao fazer seu comentário, respeite as opiniões alheias antes de tudo, deixe sua opinião sem ofender o próximo.