A gratidão é a porta de entrada para a intimidade com Deus.
Nós, como povo de Deus, frequentemente ouvimos sobre a importância da gratidão, mas raramente paramos para compreender seu peso teológico e transformador. A gratidão não é apenas um sentimento passageiro ou uma etiqueta espiritual, mas uma postura do coração diante da graça imerecida de Deus.
Em 1ª Tessalonicenses 5.18, lemos com clareza, “Dai graças em tudo, porque esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”. O apóstolo Paulo não diz “dai graças se tudo estiver bem”, mas “em tudo”, inclusive na dor, na espera e na incerteza.
Essa exortação ecoa o princípio encontrado no Salmo 103.2, “Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e não te esqueças de nenhum dos seus benefícios”. A memória espiritual é o primeiro ato de gratidão. Quando recordamos o que Ele fez, passamos da ingratidão inconsciente à adoração consciente.
A gratidão também tem um papel central na vida devocional. No templo, os israelitas ofereciam ofertas de ações de graças, como em Levítico 7.12 e Salmos 50.14, mostrando que agradecer era um ato cultual, sagrado, intencional.
Hoje, nossa oferta não é animal, mas “o fruto dos lábios, isto é, o louvor” segundo Hebreus 13.15. Cada vez que agradecemos, estamos apresentando um sacrifício aceitável a Deus. E nesse gesto, nossa fé se fortalece, pois declaramos que mesmo sem entender todos os caminhos, confiamos no caráter daquele que tudo dirige.
Além disso, a gratidão nos protege da murmuração, tão presente no deserto onde o povo murmurou por água, por alimento, por liderança. Números 21.5 registra esse perigo espiritual, mas contrasta com o exemplo de Jesus, que antes de multiplicar os pães, “ergueu os olhos ao céu, deu graças” (João 6.11).
Mesmo sabendo que proviria o milagre, Ele agradeceu pelo presente recebido do Pai. Em meio à escassez real ou percebida, a gratidão é um ato de fé que antecipa o mover de Deus.
Portanto, nós aprendemos que a gratidão não nasce da abundância, mas da consciência da presença divina. Ela nos curva em reverência, nos eleva em adoração e nos une ao coração de Deus.
Quando agradecemos, não apenas mudamos nosso estado emocional, mas alinhamos nossa alma com a verdade eterna de que tudo o que temos vem dEle, Tiago 1.17.

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