Nós, como povo redimido por Cristo, somos chamados a viver em unidade não como um ideal distante, mas como uma realidade espiritual fundada na obra consumada da cruz.
A unidade em Cristo não é mera harmonia superficial, mas a expressão viva do corpo de Cristo em ação — um corpo onde cada membro, com dons distintos, funções diversas e chamados específicos, é essencial para a edificação do todo (1ª Coríntios 12:12-27).
Nós somos um só corpo, não por uniformidade, mas por união no Espírito Santo. Assim como os diferentes membros do corpo humano dependem uns dos outros, também nós, em nossa diversidade, somos interdependentes na fé. Essa unidade honra a Deus, porque revela a beleza do Seu desígnio: muitos, em um só Cristo.
Essa unidade é também um testemunho poderoso ao mundo. Jesus, na oração sacerdotal, clamou: “Que todos sejam um, como tu, ó Pai, és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste” (João 17:21).
Quando nós vivemos em comunhão verdadeira — superando orgulho, mágoas e preconceitos — o mundo vê algo sobrenatural. Ele reconhece que esse amor não vem de nós, mas d’Aquele que primeiro nos amou. Nossa unidade não convence apenas com palavras, mas com a vida transformada pela graça. É um sinal escatológico do Reino de Deus já presente, antecipando a plenitude da glória futura.
Contudo, nós sabemos que a unidade enfrenta desafios reais. Diferenças teológicas, culturais e emocionais podem gerar tensões. Mas o caminho não é a fuga nem a uniformização forçada. É o caminho da cruz: humildade, perdão e busca pela paz.
Paulo nos adverte: “Suportai-vos uns aos outros em amor, esforçando-vos diligentemente por preservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Efésios 4:2-3). Isso exige renúncia diária ao eu, entrega ao Senhor e disposição para reconciliar.
A raiz da nossa unidade está na cruz, onde Cristo quebrou o muro da inimizade (Efésios 2:14). Lá, judeus e gentios foram feitos um só povo. Lá, pecadores de toda língua, tribo e nação foram reconciliados com Deus.
Nós somos um, porque fomos lavados no mesmo sangue, ressuscitados na mesma esperança, chamados pelo mesmo nome.
E assim, nós caminhamos na unidade como expressão do propósito eterno de Deus: reunir em Cristo todas as coisas, tanto as dos céus como as da terra (Efésios 1:10).
Hoje, nós vivemos essa unidade como sinal do céu. Amanhã, veremos o que agora contemplamos em parte: um povo perfeito, uno, diante do trono de Deus. Até lá, sigamos em unidade, porque nela está a glória do Senhor.
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