O ser humano possui uma personalidade, e esta, foi formatada desde sua tenra idade. No processo de formação da personalidade do indivíduo, alguns “vírus” sorrateiramente são inseridos em sua identidade, que no futuro, ao se relacionar com outros indivíduos, serão expostos. O que seriam estes “vírus”? Os problemas e questões não resolvidos, palavras negativas, um “desenho” dos criadores que não ficou bem elaborado em sua identidade. Entende-se que o sofrimento humano e os problemas da vida fazem parte para a adequação e extirpação destes “vírus” do indivíduo.
Acredita-se que uma boa parte dos sofrimentos está relacionada a questões emocionais, comportamento humano mal formatado, e claro, às relações interpessoais. Segundo BOBGAN (2005), entra pelo menos três caminhos para ajudar estes indivíduos na resolução de suas dificuldades: o caminho da psicologia, o caminho bíblico e o caminho sincrético.
O caminho da psicologia que possui “um conjunto de crenças e práticas religiosas que dependem da visão que cada corrente tem sobre a natureza do homem, sobre o modo como ele se modifica e se o processo de cura envolve ou não a inviolação de alguma divindade além do próprio ego humano”.
O caminho bíblico que é o caminho da salvação, da cruz. “O cerne da fé bíblica e do ministério bíblico de assistência aos que sofrem com os problemas da vida é a morte e ressurreição de Jesus Cristo e como esses dois eventos da maior importância na história do mundo afetam o crente”.
E o caminho sincrético, que para o autor, “é uma tentativa de conciliar a Bíblia com a psicologia” . Para este autor, não se pode conciliar a Psicologia com a Religião.
O ser humano com seus problemas existenciais, mentais, comportamentais e de relacionamentos pode resolvê-los utilizando-se tanto da psicologia, como também através de um aconselhamento bíblico. O que deve estar em destaque é: a origem do problema.
Como a psicologia relaciona-se com a religião? A experiência religiosa dos indivíduos na sua prática: oração, cânticos, crenças e reuniões; é tanto individual como coletiva, partilhada. Esta experiência está totalmente relacionada com a Psicologia Histórico Cultural, como, a vida comunitária e os aspectos sócio-culturais da religiosidade. Pode-se concluir que entre a Psicologia e Religião, o lugar da espiritualidade é visto nos processos psicológicos: criação de sentido, sofrimento, empoderamento e enfrentamento do luto.
A criação de sentido, segundo Amatuzzi, é as vivências do indivíduo em seu relacionamento com o transcendental, com o divino, com Deus – no cristianismo.
Sofrimento e empoderamento, segundo Lacatelli e Amarante, “a religiosidade foi considerada um fator de proteção contra o suicídio, o abuso de drogas e álcool, o comportamento delinquente, a insatisfação marital, o sofrimento psicológico e alguns diagnósticos de psicoses funcionais”. Entende-se que a experiência religiosa dá capacidade de questionar o enfrentamento das doenças, como também levam a pessoa para um novo olhar e enxergar a realidade a partir de outras possibilidades.
Quanto ao enfrentamento do luto, através do estudo de Zindulis, Tamanini e Langaro, entende-se que “a espiritualidade ocupa lugar peculiar nas situações de perdas de familiares e, portanto, de ressignificação da vida, quer a pessoa esteja vinculada a uma instituição religiosa ou experimentando uma abertura ao transcendente não mediado diretamente pela religião”.
"Toda religião que se enraíza na história de um povo é uma manifestação de sua psicologia", palavras de JUNG (1978).
Por Pr Márcio Batista
Este artigo é uma dissertação para a disciplina Psicologia e Religião para a Integralização do Bacharel em Teologia da Faculdade Refidim de Joinville, SC.
Referências:
BOBGAN, Martin. Aconselhamento: integrando a psicoterapia e a bíblia? / Martin Bobgan, Deidre Bobgan, T. A. MacMahon. Porto Alegre: Actual Edições, 2005.
ZANNELA, A. V. Sujeito e alteridade: reflexões a partir da psicologia histórico-cultural. Psicologia e Sociedade. V.17 N.2 Porto Alegre Maio/Agosto. 2005. Disponível em http://dx.doi.org/10.1590/S0102-71822005000200013. Acesso em 07 novembro 2015.
AMATUZZI, Mauro Martins. Fé e Ideologia na Compreensão Psicológica da Pessoa. In: Psicologia: Reflexão e Crítica, 2003.
LOCATELLI, Joana, AMARANTE, Karine M. Ribeiro do. Psicologia da religião: Relações existentes entre aconselhamento psicológico e aconselhamento pastoral. Trabalho de conclusão de curso, FURB, Blumenau, 2006.
ZINDULIS, A. C.; TAMANINI, M. B. R; LANGARO, F. Influências da espiritualidade no enfrentamento do luto. Azusa: Revista de Estudos Pentecostais. Joinvile, SC. V.6, N.1 (10) 2015. Disponível em http://azusa.ceeduc.edu.br/index.php/azusa/article/view/95. Acesso em 07 novembro 2015.
JUNG, C. G. Psicologia e Religião. Obras completas de C. G. Jung, v. 11/1. Vozes, Petrópolis, 1978.
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