A teologia da Hiper Graça tem se disseminado silenciosamente em muitos círculos evangélicos, especialmente dentro do contexto pentecostal.
Embora o termo “graça” seja central ao evangelho — sendo a base da salvação e da redenção pela obra consumada de Jesus Cristo na cruz —, a ênfase desequilibrada sobre ela, sem os elementos bíblicos essenciais como arrependimento, santificação e obediência, pode levar a uma compreensão distorcida da fé cristã.
O lema da Hiper Graça, "Venha como está e permaneça como quiser", é profundamente problemático. Ele não apenas ignora, mas também nega a chamada transformadora do evangelho que Jesus pregou no Sermão do Monte (Mateus 5-7), onde exige mudança de coração, pureza de vida e um reino interior governado pelo Espírito Santo.
A verdadeira graça não nos mantém no pecado; ela nos liberta do poder do pecado para vivermos uma nova vida (Romanos 6:4).
Paulo, em suas epístolas, constantemente admoesta as igrejas a viverem com retidão moral, amor fraternal e submissão à vontade de Deus.
Em Filipenses 2:12, ele escreve: "Portanto, meus amados, assim como sempre obedecestes, não só na minha presença, mas muito mais agora na minha ausência, trabalhai a vossa salvação com temor e tremor". Isso refuta qualquer visão passiva ou antinomiana da salvação.
Além disso, a Hiper Graça frequentemente evita falar contra o pecado, minimiza a necessidade de arrependimento contínuo e negligencia a importância da disciplina eclesiástica.
Isso cria uma espiritualidade cômoda, onde o crente se sente justificado em continuar em práticas contrárias à Palavra de Deus, sob o pretexto de que "já estou salvo". Mas a Bíblia é clara: "Se dissermos que temos comunhão com ele e andarmos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade" (1ª João 1:6).
Outro perigo dessa teologia é a substituição da mensagem da cruz por uma evangelho centrado no homem.
A cruz revela o alto custo do pecado e o amor sacrificial de Cristo. Quando essa mensagem é minimizada, perdemos a profundidade do arrependimento e da gratidão que devem marcar a vida do cristão.
A Hiper Graça, portanto, é uma artimanha sutil do inimigo que engana muitos, apresentando um evangelho sem cruz, sem morte própria, sem luta contra o pecado.
O verdadeiro evangelho chama à conversão integral, à renúncia diária de si mesmo (Lucas 9:23) e ao caminhar no Espírito, produzindo frutos de justiça, mansidão e amor (Gálatas 5:22-23).
Que o corpo de Cristo desperte para esta realidade e volte-se para a Palavra, buscando uma fé viva, transformadora e fundamentada na verdade bíblica.
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